Emoções de Paredes de Coura

18:00








Voltei a colocar a mochila às costas e partir para a vida de campismo, muito mais pesada que o normal, é verdade, mas que saudades que eu tinha de sentir o peso nos ombros e os olhares codificáveis pela viagem. É certo que desta vez captei mais os risos interiores dos velhotes no comboio quando eu ficava presa nas portas, devido ao tamanho da minha "bagagem", algo que eu retribuía com um sorriso sincero, é sempre bom fazer alguém sorrir.
A viagem foi longa, com algumas paragens pelo meio, e quando dei por mim estava em Paredes de Coura, prestes a descer a que mais tarde demos nome de "subida do inferno".
É realmente encantador a forma como um simples espaço da natureza de uma pequena vila torna-se o lar perfeito de milhares de jovens durante uma semana. Fiquei realmente admirada com as condições de higiene do campismo, as casas de banho estavam constantemente a ser limpas, numa quantidade suficiente para o número de festivaleiros.
As ruas da vila encheram-se de sorrisos, de conversas paralelas, de encontros inesperados e de distintos estilos que se misturavam por entre todas as idades, valia a pena andar com o olhar aberto e atento, a captar todas as novidades.
As tardes no rio foram deliciosas, dava por mim envolvida pela natureza com a concentração virada para os meus desenhos, não é que tenha o hábito de estar sempre a desenhar, mas naquele ambiente de tranquilidade e descontração, a inspiração apenas surgia. A água gelada do rio que nos congelava o cérebro por apenas tocar no dedo do pé, proporcionou-nos bons momentos, desde o relaxamento às gargalhadas constantes.
Quando os concertos começaram vimos aumentar significativamente o número de festivaleiros, todos os dias, a toda a hora, caras novas apareciam. Eu realmente adorei os concertos, sentir a emoção dos artistas, a energia que nos faz sentir a música e dançar até as dores das costas não o permitirem mais. Foram muitas, as dores de costas.

Já sinto saudades do saco cama, de adormecer e acordar com barulho, abrir os olhos e ver as minhas companheiras ao meu lado, reclamar do frio ao adormecer e do calor ao acordar, de cozinhar no chão, comer no chão, dormir no chão, de não sentir a necessidade de novas tecnologias e luxos. É uma experiência que voltava a repetir.

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