Onde existe o sonho?

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Onde existe o sonho? Provavelmente responderia que o sonho existe em todo o lado, que “o sonho comanda a vida”, mas no universo não existe apenas vida e será que nesses confins inacessíveis e desconhecidos o sonho está presente? Segundo Dante não é bem assim…

A Divina Comédia, uma obra escrita por Dante Alighieri, foi um dos assuntos falados na conferência A Máquina do Mundo com Maria Filomena Molder, a qual fui assistir no dia 14 de fevereiro de 2017 na Culturgest em Lisboa.  De todas as palavras incrivelmente proferidas que nos envolviam na mística viagem relatada no poema, o conceito que mais me chamou à atenção foi o sonho.


              “No caso do inferno é muito difícil falar em fantasia, de imaginação, por causa da escuridão. No inferno ele cai, desmaia, perde os sentidos, mas não sonha. Só sonha no purgatório (…) no paraíso a alta fantasia está sempre a perder a sua potência, porque aquilo que ele vê vence aquilo que ele imagina”, dizia-nos Maria Filomena Molder numa tentativa de explanar a existência do sonho, ou falta dela. 



O bordado produzido é exatamente uma representação pessoal do sonho, de acordo com o que foi exposto, em que o círculo mais pequeno simboliza o inferno, onde a imaginação não existe e tudo é obscuro e difícil de decifrar, segue-se um espaço em pano cru que representa a terra, onde tudo é minimamente reconhecível e visível. Segundo consta, o purgatório é o mais semelhante à terra, daí aparecer consecutivamente a esta e é notória a quantidade de cor e formas distintas presentes nesta secção devido à forte existência do sonho. Após este segmento volta a surgir o pano cru, desta vez a caraterizar o céu, também identificável aos olhos. Por fim, aparece o paraíso, onde reina a perfeição e tudo deixa de ser comparável pois não há nada superior a este, isto é simbolizado através da cor branca, do ponto regular do bordado e do crochê e das flores simétricas e perfeitamente sincronizadas.

A realização do bordado não foi em vão, esta escolha relacionou-se com o cariz pessoal colocado na interpretação e exteriorização desta, assim como ao facto de se poder relacionar com a moda, sendo de fácil aplicação num acessório, numa peça de vestuário ou apenas como decoração de parede.

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